Lula Abre Debate Geral da ONU e Defende Reforma na Governança Global

Fonte: Agência Brasil

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Foto: Ricardo Stuckert / PR

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso durante a 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) em Nova York, onde defendeu a necessidade de reformar o sistema de governança global. Ele argumentou que o princípio do multilateralismo global, baseado na igualdade soberana entre as nações, está sendo corroído.

Lula enfatizou que o modelo atual de governança, criado após a Segunda Guerra Mundial, não reflete mais a geopolítica do século 21 e pediu por uma representação adequada de países emergentes em órgãos como o Conselho de Segurança da ONU. Ele criticou a composição atual do Conselho, composto apenas pelos Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido.

O ex-presidente também destacou a necessidade de entidades internacionais mais representativas que possam impor punições a países que não cumpram seus compromissos em questões climáticas. Ele condenou a falta de vontade política para abordar as desigualdades globais e a atuação desigual dos órgãos de financiamento internacional.

Lula ainda abordou a questão do comércio global, criticando o enfraquecimento do sistema multilateral de comércio e o aumento do protecionismo adotado por países ricos.

Ele também destacou a importância do bloco BRICS, do qual o Brasil faz parte, como uma plataforma estratégica para promover a cooperação entre países emergentes. Lula mencionou a inclusão de seis novos membros no BRICS e sua luta por um comércio global mais justo.

O ex-presidente abordou a necessidade de combater as mudanças climáticas e cobrou que os países ricos cumpram os compromissos internacionais, como a doação de US$ 100 bilhões por ano para preservar florestas em países em desenvolvimento. Ele enfatizou a viabilidade de um modelo de desenvolvimento socialmente justo e ambientalmente sustentável.

Lula também mencionou o aumento da extrema direita em várias partes do mundo, relacionando-o ao desemprego e à precarização do trabalho, além de criticar o neoliberalismo.

Ele defendeu políticas de inclusão nos campos cultural, educacional e digital para promover valores democráticos e a liberdade de imprensa. Lula também criticou a prisão do jornalista Julian Assange.

O ex-presidente reiterou a importância da paz e destacou que os conflitos armados são uma afronta à racionalidade humana. Ele citou diversos conflitos em andamento e ressaltou a necessidade de criar espaços de diálogo nas instâncias internacionais.

Lula encerrou seu discurso enfatizando que estabilidade e segurança não serão alcançadas onde há exclusão social e desigualdade. Ele instou a comunidade internacional a escolher entre ampliar conflitos e desigualdades ou renovar instituições multilaterais dedicadas à promoção da paz.

Este discurso marcou a oitava vez que o presidente Lula abriu o debate geral da Assembleia Geral da ONU, uma tradição que remonta aos anos 1940.